“Sempre gostei muito de Portalegre e nunca ninguém tinha feito algo do género,” confessou Ricardo Domingos, conhecido como “Arrepiado”. A escolha para esta aventura recaiu numa Suzuki GSX-R 1000 com suspensão e coluna de direção alteradas e pneus cardados a substituírem os de origem. “O objetivo era trazer a moto o mais original possível.”
A expectativa era grande antes do evento, que foi cumprido na totalidade: 217,1 quilómetros na categoria Hobby. “Foi um pouco duro, mas diverti-me imenso. Foi bom ver o carinho do público que corria para a estrada quando me via passar. Os outros concorrentes vieram felicitar-me pela ideia e a organização também”, explicou o piloto.
A condução “foi difícil porque temos que tentar evitar os buracos ao máximo, se não a moto manda-nos fora, porque é muito dura. A suspensão só tem oito centímetros de curso. Mas o mais perigoso eram as jantes, que são em alumínio de liga leve. Foi preciso ter o cuidado de não as danificar nos buracos.”
Imprimindo o ritmo que lhe era possível, a prova correu sem incidências de maior: “Só os últimos 30 quilómetros do troço é que eram mais difíceis, porque havia muita pedra, aí aliviei o acelerador e pensei, deixa-me cá poupar um bocadinho a moto e o amortecedor de trás, que já tinha rebentado e vinha só com a mola. Mas até aí fiz sempre a rolar e a tentar andar depressa.” Pelo caminho ficaram apenas o stop traseiro e a matrícula.
O desafio foi superado e sem quaisquer quedas. Apesar de o lugar ser o que menos importa, a 27ª posição em 46 pilotos que terminaram mostra bem que “Arrepiado” não andou a ver passar os outros. Regressar nos mesmos moldes não é garantido, mas “é possível.”