Chuva e lama, os ingredientes mais habituais da Baja Portalegre 500, voltaram a marcar presença na 26ª edição, dificultando a vida aos pilotos das motos nomeadamente na segunda metade do percurso, pois os automóveis já tinham percorrido essa zona. Largando no primeiro grupo, rapidamente Hélder Rodrigues passou a rodar isolado na frente da corrida, situação que se manteve até aos derradeiros quilómetros, altura em que foi alcançado por António Maio, que tinha saído de Portalegre nove minutos depois do piloto da Honda. Os dois terminaram a prova juntos e Mário Patrão acabou por chegar a seguir, fechando a corrida no segundo lugar.
António Maio cumpriu na perfeição a tática traçada para esta prova, que passava por arrancar mais atrás, para poder controlar o ritmo dos adversários. O piloto da Yamaha tinha como objetivo para esta edição da Baja Portalegre 500 vencer pela quinta vez, terceira consecutiva, e tornar-se dessa forma o novo recordista da prova. “Estou muito satisfeito. Queria entrar para a história, pelo menos para já, e consegui. Ontem optei por moderar o andamento para garantir que partia atrás do meu maior rival, que era o Mário Patrão, mas ao fim de 20 ou 30 quilómetros apanhei-o. Depois relaxei um pouco e coloquei um ritmo confortável, que me permitiu chegar em primeiro sem arriscar. A segunda metade do percurso estava muito difícil devido à lama e aos carros já por lá terem passado, mas consegui divertir-me que era algo que também queria”, disse o agora penta-vencedor da Baja Portalegre 500, tornando-se no primeiro motard a ganhar por cinco vezes, igualando Filipe Campos, também ele penta-vencedor nos automóveis.
Para Mário Patrão o desafio em Portalegre era diferente. O objetivo do piloto da Suzuki era chegar ao título nacional, por isso mais do que pensar em vencer era obrigatório terminar. “Acabei por fazer uma corrida tranquila e cumpri o meu objetivo. Tinha de terminar nos 10 primeiros para ser campeão e isso foi conseguido, embora durante a corrida acabe sempre por haver uma sensação estranha que é querer andar mais depressa, mas saber que não o devo fazer para não correr riscos. Ontem fui mais devagar na Super-especial, pois estava previsto chover e preferi largar de trás para ter marcas no terreno”, afirmou o campeão nacional.
Presente em Portalegre, mas já com a cabeça na América do Sul, Hélder Rodrigues rodou quase toda a prova sozinho, mas num ritmo que não lhe permitiu chegar à vitória. “Andei depressa, sobretudo até à primeira assistência, mas é mais cansativo rodar sozinho e logo a abrir a pista. Estou contente por ter sido terceiro, cumpri os objetivos traçados, claro que gostava de ganhar, mas nesta altura não posso colocar em causa a presença no Dakar. Andei a 70% a pista estava muito complicada nesta última parte e cair era tudo o que não queria” explicou na chegada a Portalegre.
Nota ainda para as boas provas dos jovens Luís Oliveira e Henrique Nogueira, quinto e sétimo respetivamente, e também para o desempenho de Pedro Afonso que foi quarto. Domingos Santos, sexto, Frederico Fino, David Megre e Ludgero Sousa fecharam o top ten, numa corrida em que Ruben Faria abandonou com problemas de travões e Paulo Felicia ficou de fora vítima de queda que resultou num pulso partido.
Na corrida dos Quads o avassalador domínio de Roberto Borrego ao longo do ano confirmou-se em Portalegre e nem um toque numa pedra na fase inicial impediu a terceira vitória. “Foi uma corrida muito dura. Eu de cada vez que ganho a Baja Portalegre 500 digo que fui sempre uma prova mais dura que a do anterior e desta vez isso não exceção. Foi para mim a corrida mais dura que fiz aqui. O terreno estava muito difícil, com muita lama, muitos buracos. Logo na fase inicial, perto de Nisa, dei um toque numa pedra e empenei um tirante da direção. Parei para reparar e com isso perdi vários lugares. No entanto, depois forcei o ritmo e ganhei pela terceira vez, o que me deixou muito satisfeito. O meu objetivo para este ano era ganhar seis corridas em seis e foi isso que consegui hoje”, referiu. Rui Cascalho e André Mendes, acompanharam Borrego no pódio, ao passo que António Moreira e André Carita foram os pilotos que completaram o lote dos cinco mais rápidos.
A maior surpresa do dia aconteceu nos UTV/Buggy, onde David Além, um piloto que fazia a estreia em competição, entrou com o pé direito na modalidade, vencendo a Baja Portalegre 500. “Foi muito difícil e acima de tudo uma surpresa. Eu tenho o carro há dois anos, mas esta foi a minha estreia em competição. O objetivo era mesmo só participar e divertir-me. Claro que depois de estar lá dentro, tentei fazer o melhor e sobretudo evitar acidentes. O percurso estava muito difícil, com muita lama, mas estou naturalmente muito contente”. Igualmente satisfeito estava João Lopes, que embora tenha perdido a corrida na parte final alcançou o maior objetivo, ser campeão. “A maior meta era essa. Na parte final fomos surpreendidos pelo David. Parabéns para ele, que fez uma grande prova e espero que para o ano esteja connosco mais vezes. Fizemos uma corrida com cabeça, a pensar no título. Podia ter dado para ganhar, mas na parte final apanhámos um quad atascado e o meu navegador teve de sair para o ajudar”, explicou no final João Lopes. O outro candidato ao título, Jorge Monteiro, foi apenas quinto, atrás de Teófilo Viñarás que fechou o pódio e João Guilherme.