“Um Portalegre à antiga”, marcado pela chuva, verdadeiramente duro e espetacular, motivou os quase 400 concorrentes a uma competitividade e superação, não raras vezes, levadas ao extremo. No final, vitórias para Krzysztof Holowczyc (Auto), António Maio (Moto), Luís Fernandes (Quad) e Gonçalo Guerreiro (SSV); e destaque para os títulos da Taça do Mundo FIA de Bajas Cross-Country conquistados pelos irmãos e portugueses Alexandre e Pedro Ré (Categoria T4) e Bianchi Prata (Veteranos/Moto). Uma edição histórica, a 35º Baja Portalegre 500, que, mais uma vez, reforça o seu prestígio e dimensão internacional, enquanto uma das melhores do mundo.
A chuva da noite de sexta-feira foi o condimento que tornou ainda mais desafiante a competição nas pistas alentejanas. “É um Portalegre à antiga”, dizia Luís Fernandes (Yamaha), depois de uma manhã de sábado duríssima nos Quads. O pó foi trocado pelos banhos de lama. Nélson Silva (Team Bianchi Prata Honda), que é praticamente cego da vista esquerda, foi forçado a atirar fora os óculos de proteção para conseguir ter alguma visibilidade, terminando o setor matinal em grandes dificuldades. “Vou continuar!”. Este foi só um dos heróis da 35ª edição da Baja Portalegre 500, a exemplo das mais de duas dezenas de jovens, com idades compreendidas entre os 10 e os 16 anos, que também participaram na prova (Mini Baja).
Krzysztof Holowczyc (Mini) vence Portalegre pela terceira vez
Três participações e outras tantas vitórias. É este o percurso de Krzysztof Holowczyc na Baja Portalegre 500. Aos comandos de um Mini, o polaco ex-campeão europeu de ralis e com várias participações no WRC, sentiu-se como “peixe na água” nos pisos enlameados em que decorreu grande parte da prova organizada pelo Automóvel Club de Portugal. Depois de ter terminado o dia de sexta-feira na terceira posição, Krzysztof Holowczyc iniciou o sábado ao ataque, conquistando uma vantagem que, até final, o pôs a cobro de grandes ataques da concorrência. “É a minha terceira vitória em três participações e isso deixa-me muito satisfeito. Gosto deste rali, com as suas pistas especiais e muito técnicas.” Um resultado que também lhe permitiu assegurar a vitória na Taça da Europa, enquanto Yazeed Al Rajhi (Toyota Hilux) garantiu o triunfo na Taça do Mundo FIA de Bajas Cross-Country.
Apesar de ainda ter lançado um ataque à liderança, o português Tiago Reis (Toyota Hilux) teve de contentar-se com o segundo lugar. Um excelente resultado para o virtual campeão nacional, que também garantiu o terceiro lugar na Taça da Europa. “Se não fosse uma manhã muito difícil, sempre a abrir a pista, durante 70 dos quase 150 km, poderíamos ter tido hipótese de discutir a vitória até ao fim. Mas as corridas são mesmo assim e ficamos muito satisfeitos com o resultado”, sublinhou, no final.
Depois da vitória no Rali dos Sertões de 2019, não é surpresa a conquista do derradeiro lugar do pódio pelo brasileiro Lucas Moraes. O piloto da Toyota Hilux sublinhou: “Foi muito bom vir a Portalegre com um ´supercarro´, depois de duas participações numa categoria menos competitiva. Correu muito bem, apesar de um furo no primeiro dia. Conseguimos recuperar e é uma honra terminar no pódio, com um plantel tão competitivo”.
Em tempo de regresso, Miguel Barbosa (Toyota Hilux) foi o quarto classificado, com o oito vezes campeão nacional de todo-o-terreno a poder queixar-se de um furo, enquanto o brasileiro Cristian Baumgart (Toyota Hilux) fechou o quinteto da frente.
Ainda entre os automóveis, natural destaque para a dupla de irmãos portugueses, Alexandre Ré/Pedro Ré, que depois da conquista da Taça da Europa, asseguraram também a vitória na Taça do Mundo FIA de Bajas Cross-Country, na Categoria T4. “Foi uma época fantástica, claro. Estamos muito satisfeitos e… Portalegre voltou a ser Portalegre. Com chuva, mas não demasiada e assim é que tem de ser Portalegre.”
Sétima vitória de António Maio nas motos
Nas motos, vitória de António Maio (Yamaha WR450) que, com sete sucessos, torna-se o piloto mais bem-sucedido da Baja Portalegre 500 nas duas rodas. “Sair de Portalegre com uma vitória é sempre bom. Ser o piloto mais vitorioso nas Motos era um dos objetivos desta prova e da carreira. Já o perseguia há algum tempo e sabia que acabaria por se concretizar. Foi um final bastante intenso, mas graças à vantagem que ganhei na manhã de hoje (sábado), pude fazer a gestão correta na última parte”, afirmou o piloto.
Gustavo Gaudêncio (Honda CRF450RX) foi o segundo classificado, um resultado que lhe permite manter-se na luta pelo título do Campeonato Nacional, enquanto o jovem André Sérgio (Yamaha WRF), apesar de duas quedas, assegurou o derradeiro lugar do pódio, confirmando que há que contar com ele na luta pela vitória das próximas edições. Com boas recuperações durante a segunda etapa, o francês Neels Theric (KTM 450 EXC-F) e Salvador Vargas (Husqvarna FX) fecharam o grupo dos cinco primeiros classificados.
Luís Oliveira (o mais rápido da Especial de Qualificação) e Sebastian Bühler (que dominou o SS2), foram obrigados a desistir na segunda etapa. O português com problemas mecânicos e o luso alemão (vencedor das três últimas edições da Baja Portalegre 500) com danos na moto resultantes de uma queda.
Uma referência, ainda, para a conquista da Taça do Mundo, na categoria de “Veteranos”, por Bianchi Prata, apesar de ter alinhado com duas costelas partidas.
Vitória de Luís Fernandes nos quads
Entre os quads, os dois candidatos ao título protagonizaram um interessante duelo pela vitória da Baja Portalegre 500, mas com Luís Fernandes a impor-se, claramente, a Luís Engeitado (ambos em Yamaha YFZ450R) durante o dia de sábado. O vencedor, que se estreou a vencer na Baja Portalegre 500, afirmou: “É fantástico ter ganho, com este ambiente, público e concorrência e só posso dizer que gostei imenso.”
Flávio Gonçalves (Yamaha 450 YFZ) terminou no derradeiro lugar do pódio, enquanto Filipe Martins (Yamaha YFZ450R) e Cláudio Fernandes (Yamaha YFZ450R) encerraram o grupo dos cinco primeiros.
Jovem Gonçalo Guerreiro vence pela primeira vez Baja Portalegre 500
Entre os espetaculares SSV, Gonçalo Guerreiro (Can Am) foi o quinto vencedor diferente em outras tantas edições em que a categoria tem esse estatuto. À chegada, o piloto de 21 anos não conseguiu conter a emoção, sublinhando entre lágrimas: “Estou muito satisfeito, dei o máximo que podia e agradeço à equipa toda a confiança e apoio.”
Na segunda posição, com uma desvantagem de apenas 42,2 segundos, Alexandre Pinto (Can Am) pode lamentar-se de um furo que o impediu de um hipotético sucesso. Na estreia nos SSV, Armindo Araújo (Can Am), foi um dos protagonistas da categoria e nem alguns problemas de travões impediram o seis vezes campeão nacional de ralis de assegurar o último lugar do pódio. Ricardo Domingues (Can Am) foi o quarto classificado, precedendo o vencedor da edição do ano passado, João Dias (Can Am).
Vitória de Luís Rodrigues na Categoria Hobby & Promo
Na Categoria "Hobby", após a vitória de Luís Rodrigues (KTM EXC) na Especial de Qualificação (3,5 km), foi Raúl Carvalho (KTM 350) que impôs a sua lei nos 197,77km do maior setor seletivo da prova, disputado no sábado. A luta pelo segundo lugar esteve ao rubro, com Emanuel Léo (Kawasaki KX250F) a confirmar o lugar intermédio do pódio, mas por apenas pela escassa vantagem de 0,5s face a Gonçalo Leitão (KTM 500 EXC), que terminou na terceira posição.
Mini Baja: Pequenos em tamanho, grandes em talento
Com pilotos com idades compreendidas entre os 10 e os 16 anos, a Mini Baja afirmou-se como um concentrado de talento, antecipando a próxima geração de pilotos que darão cartas nas “duas rodas”. E, independentemente do resultado, todos saíram vencedores!
Desportivamente, com 73,5 km e duas especiais disputadas ao cronómetro, Vasco Severino (Yamaha YZF) foi quem mais se destacou, assegurando a vitória por 5m18,1s. O jovem piloto foi também o mais eficiente na Classe "Mini 2" (para pilotos entre os 14 e os 15 anos), provando ser uma das mais talentosas promessas das motos. Na segunda posição terminou Nuno Barros (Yamaha YZ125), à frente de Martinho Pais (Yamaha YZ) e Lourenço Lebre (Yamaha YZ 125), cuja diferença não foi superior a 10,2 segundos.
Na Classe "Mini 1" (reservada a pilotos de 12 e 13 anos), Domingos Cunha (Yamaha YZ 85) liderou de início a fim, fazendo coincidir o triunfo com o quinto lugar absoluto. Já Manuel Rosa (Yamaha YZ 85) e Bárbara Justino Nunes (KTM 85), a única presença