Ré venceu Taça do Mundo da FIA de Bajas na categoria T4

09 novembro 2021

“O segredo foi não pensar na Taça do Mundo e concentrar-me apenas na Baja Portalegre 500, a minha prova favorita.” Alexandre Ré fez o pleno e à Taça da Europa de Bajas juntou, na Baja 500 Portalegre 2021, a Taça do Mundo FIA de Bajas Cross-Country, na categoria T4. Mas a história da dupla da South Racing Can-Am Team, Alexandre Ré e Pedro Ré, na 35ª edição da prova alentejana é muito mais complexa do que o resultado deixa adivinhar.À partida, entre os dois pilotos da mesma equipa que disputavam a Taça do Mundo, a dupla Alexandre Ré e o irmão Pedro Ré, era a que menos hipóteses teóricas teria. “Talvez o segredo para este sucesso foi não me ter deixado levar pela possibilidade de ganhar a Taça do Mundo. Concentrei-me na prova de Portalegre, porque é a minha favorita e a que, para mim, encerra o campeonato. Marcar o ritmo e alcançar um grande resultado era a minha preocupação principal.”

Para Alexandre Ré, esta edição teve ainda um sabor especial, com o regresso do público, mas não só… “O público é parte integrante de Portalegre. A moldura humana que ladeia as pistas, todo aquele espírito da Baja e o apoio das pessoas é contagiante. Ainda para mais numa edição em que a chuva e a lama marcaram presença na dose certa, potenciando o espetáculo e o gozo de conduzir. É verdade que, fisicamente, é duro, mas quando vamos ao volante nem nos apercebemos dos banhos de lama. Só já na fase de descompressão é que nos lembramos que não levamos vidro à frente.” Mas, afinal, porque é que não levavam vidro dianteiro? “Porque nunca testámos o carro com esta solução e não sabíamos qual seria o seu comportamento com o vidro colocado. Foi uma opção consciente. Não sabia se entrava água ou lama de lado e se iria prejudicar, ainda mais, a visibilidade. Pelo sim, pelo não, resolvemos não arriscar numa solução que não tinha sido testada.”

 Mas depois de, no final do primeiro dia, saber que o adversário direto tinha perdido uma roda (num acidente no SS2) e que iria levar a penalização máxima, Alexandre Ré começou a pensar que a vitória na Taça do Mundo estaria mais perto do que inicialmente julgaria possível. “No final do primeiro dia obviamente que pensei que podia ganhar, mas, sem qualquer réstia de falsa modéstia, não fico contente com a desgraça alheia, ainda para mais vinda de um piloto da mesma equipa. Preferia ter ganho numa luta direta, em que ambos estivéssemos em igualdade de circunstâncias. Também me podia ter acontecido o mesmo a mim...”

 Terá sido por isso que, no final da prova, após terminar o SS4, o Alexandre Ré não se mostrava tão efusivo quanto seria de esperar de um novo Campeão do Mundo? “Não! É mesmo um traço de personalidade. Após um setor seletivo tão desgastante e que obriga a uma grande dose de concentração, é difícil desligar de repente. Na altura, só nos apetece é sair do carro, tirar o fato e o capacete e descomprimir. No final, quando nos começaram a dar os parabéns, ainda estava meio baralhado.”

 

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